sexta-feira, 11 de julho de 2014

Arrumando o meio de campo

Algumas pessoas gostam de se meter em tudo na vida dos outros. Não é verdade? Você deve conhecer um tio, uma vizinha, um colega de trabalho, uma irmã, sei lá, que está sempre observando os passos que você dá ou pretende dar e então mete a colher na sopa da sua vida. "Faça isso!" "Você não deveria fazer aquilo." "Se eu fosse você..." (não estaria falando essas besteiras). Gentinha chata, não?

Bem, você já deve ter gritado, xingado, comentado e chorado pelo fato de a seleção canarinho ter batido asas e voado diante de uma seleção germânica de pés talentosos e goleadores. O voo não foi sinônimo de ir para outro país e demonstrar domínio da situação e eficiência, como cantava o zagueiro Júnior, hoje comentarista esportivo, na Copa do Mundo de 1982, na Espanha. Foi um voo de fuga, envergonhado, capenga, de asa caída.

Agora é o momento de encontrar razões que a razão desconhece, mas algumas coisas são óbvias para entender o desastre. O Brasil não é mais um celeiro de craques e persistem, nesta terra de manquitolas com sonhos de ser Pelé, a falta de estrutura e organização nossa de cada dia. É algo semelhante a colocar uma capa vermelha, pensar que é o Superman e pular da janela de um prédio. Só pode resultar em tragédia.

Mas em que se relacionam os consultores intrometidos da vida alheia e a tragédia da seleção? Não deveria haver relação nenhuma, a não ser uma fofoca ou outra sobre os jogadores publicadas em revistas que não valem o papel de sua impressão. Contudo nossos governantes federais, na pessoa do ministro dos esportes e da presidente da República, após a seleção virar piada mundial, anunciaram que pretendem fazer "intervenções indiretas" para a melhoria do esporte paixão nacional. A ideia seria criar leis que estimulassem o esporte e também que apertassem o cerco da CBF e dirigentes de clubes para que fizessem seu trabalho direito.

A ideia pode até parecer boa, mas não é. Os governantes querem inicialmente somente passar a ideia de que estão atentos e firmes para tomar atitudes enérgicas diante do estado deplorável do esporte bretão em terra brasilis. Mas isso porque é ano de eleição e o povo não pode pensar que eles não estão cuidando das coisas. Afinal, a ter saúde e educação decrépitos já estamos acostumados, mas tomar sete gols da Alemanha, aí não dá! Alguém tem de fazer algo.

Sem contar essa questão eleitoreira, há o terrível mal de ter o Estado se enfiando em tudo. Assim é o socialismo/comunismo. As pessoas só podem dançar se eles mandarem e se for algo interessante para eles. O futebol estar bem é importante para iludir o povo com o sonho de ser bom em algo e eles continuarem a fazer o que for de sua vontade soberana. Se o povo (como eles enchem a boca para dizer essa palavra!) tiver o pão do bolsa família e o circo do futebol, tudo permanecerá como está. Ninguém dará atenção a mensalão, corrupção, desvios, falta de projetos e atenção para as reais necessidades das pessoas que nasceram e vivem na terra que Pero Vaz de Caminha descreveu.

Equipes de futebol bem estruturadas têm equilíbrio. Não há time vencedor se tiver um ótimo lado esquerdo com um direito meia sola. Zaga forte e meio de campo fraco são um convite à goleada. Ataque matador com goleiro mão de alface podem resultar somente em empate com muitos gols. O mesmo vale para a sociedade. cada um deve cumprir seu papel, de modo harmônico e equilibrado. O Estado não tem de ficar com manias intervencionistas, como se fosse o senhor de todas as coisas. Ele tem de legislar e cuidar para que as leis sejam cumpridas, promovendo justiça, sempre representando o povo de uma nação. Empenhando-se por manter aquela tal "Democracia é o governo do povo, pelo povo, para o povo", de que Lincoln falou. Mas querem implantar o governo do PT, pelo PT, para o PT. Desse modo, assim como os canarinhos desolados, vamos encarar uma tragédia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário